O mundo em alerta
O mundo todo acompanha com preocupação a eclosão de conflitos regionais potencialmente perigosos e com possibilidade de envolvimento de outras nações. A guerra Rússia x Ucrânia, que já se arrasta há anos, o conflito entre Israel e o grupo Hamas, que se estendeu por diversos territórios do Oriente Médio, disputas territoriais no Mar do Sul da China, impasses em torno da independência de Taiwan, focos de conflitos na África, no Sudão, na República Democrática do Congo, e na região do Chifre da África que inclui a Somália, a Etiópia, a Eritreia e o Djibuti são exemplos disso e em todos é possível identificar a influência das grandes potências.
Conflitos regionais e as guerras mundiais
Os conflitos regionais desempenharam um papel decisivo na eclosão tanto da primeira quanto da segunda Guerra Mundial. Em ambos os casos, disputas localizadas desencadearam reações em cadeia que culminaram em conflitos globais. Esses eventos evidenciam como tensões entre nações e grupos rivais podem escalar e envolver potências internacionais em uma guerra de grandes proporções.
Se retrocedermos ao passado, veremos que muitas das circunstâncias que levaram às duas guerras estão presentes hoje, o que aumenta o risco da expansão de conflitos regionais para conflitos generalizados.
Primeira Guerra Mundial
O sentimento de competição entre as grandes potências europeias da época, como Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) teve como estopim o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em Sarajevo, no dia 28 de junho de 1914. O responsável pelo atentado foi Gavrilo Princip, um nacionalista servo-bósnio membro do grupo Mão Negra, que lutava pela independência da Bósnia e sua unificação com a Sérvia.
O nacionalismo na região dos Bálcãs era um fator chave. O império austro-húngaro enfrentava dificuldades para controlar grupos étnicos que buscavam independência, como os sérvios e croatas. Por outro lado, a Rússia apoiava a Sérvia, enquanto a Alemanha oferecia suporte à Áustria-Hungria. Esse conflito regional rapidamente se expandiu, pois, as alianças entre as grandes potências entraram em jogo, envolvendo França, Reino Unido e outros países na guerra.
Outro exemplo de conflito regional que alimentou a Primeira Guerra Mundial foi a disputa entre Alemanha e França pela região da Alsácia-Lorena, perdida pelos franceses na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Esse ressentimento contribuiu para a rápida mobilização francesa quando a guerra começou.
A competição entre as grandes potências europeias da época, como Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria desencadeou uma série de alianças militares e escalonamento de hostilidades que levaram à guerra. Duas grandes alianças, conhecidas como Tríplice Entente (entre França, Rússia e Grã-Bretanha) e Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália), se formaram e passaram a se enfrentar em diferentes frentes de batalha.
Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também teve suas raízes em conflitos regionais que foram se agravando ao longo do tempo. O expansionismo alemão e japonês, aliado às disputas territoriais na Europa e na Ásia, desempenhou papel central na escalada do conflito.
Um dos principais conflitos regionais que levou à guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha nazista em 1º de setembro de 1939. O governo de Adolf Hitler justificou a invasão com base na questão do Corredor Polonês e na cidade de Danzig, uma região de maioria alemã que havia sido cedida à Polônia pelo Tratado de Versalhes (1919). A agressão alemã levou Reino Unido e França a declararem guerra contra a Alemanha, marcando oficialmente o início do conflito.
Outro exemplo de conflito regional que contribuiu para a Segunda Guerra foi a guerra entre China e Japão. O Império japonês iniciou sua expansão territorial com a invasão da Manchúria em 1931 e, posteriormente, atacou a China em 1937. Esse conflito minou a estabilidade na Ásia e fez parte da agressiva política expansionista do Eixo, levando os Estados Unidos a intervir após o ataque a Pearl Harbor, em 1941.
Além disso houve a expansão da influência italiana no Norte da África e nos Bálcãs,
As alianças entre países se estruturaram em dois blocos: o Eixo, integrado inicialmente pelo Japão, pela Alemanha de Hitler e pela Itália de Mussolini e os Aliados, reunindo Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos.
O conflito que acabou em 1945 consolidou a hegemonia de duas grandes potências globais: os Estados Unidos e a União Soviética (URSS), que influenciaram a reorganização mundial e foram protagonistas da chamada Guerra Fria.
Os conflitos regionais foram fatores determinantes para a eclosão tanto da Primeira quanto da Segunda Guerra Mundial, servindo como gatilhos para escaladas militares entre grandes potências. Disputas nacionalistas nos Bálcãs e rivalidades territoriais na Europa ajudaram a desencadear a Primeira Guerra, enquanto o expansionismo alemão e japonês ampliou as tensões que levaram à Segunda Guerra. Esses eventos demonstram como disputas localizadas podem se transformar em conflitos de proporção global, com consequências devastadoras para a história mundial.
E o futuro?
Mas o que podemos aprender com as lições do passado? Já identificamos a influência das grandes alianças na deflagração de conflitos. E hoje podemos identificar uma divisão clara entre os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, de um lado, e a China e a Rússia, de outro, apoiados pela Coreia do Norte e Irã.
O líder russo, Vladimir Putin, e o chinês Xi Jinping falam constantemente de “uma nova ordem mundial" e Donald Trump já sinalizou grandes mudanças na política externa americana e nas relações internacionais.
A relação entre equilíbrio de poder e paz mundial é um conceito central nas relações internacionais. A ideia principal é que quando nenhum Estado ou aliança possui poder suficiente para dominar os outros, há um estado de equilíbrio que pode prevenir conflitos de grande escala. Esse equilíbrio pode ser mantido por meio de alianças estratégicas, dissuasão militar e diplomacia, reduzindo as chances de guerras globais.
A estabilidade depende da diplomacia e da cooperação internacional.